Maria João Cantinho - Arqueologia de um rosto

"Não vou mandar limpá-lo", decidiu.

Decidiu o homem da mercearia
que deixara amarrotar o rosto pelas vielas
enquanto descia a calçada
e os olhos, manchados de sonhos antigos,
resvalavam para dentro.

      Já é impossível o restauro, os sulcos são fundos. Quem o mandou comprar para vender para caminhar arrependido? Numa loja, a virgindade perde-se para sempre.

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